9.1.07

só mar.



hoje vou ao mar
buscar encomendas de paz e de pescado.
vou respirar o sal da areia
e das correntes o viço branco.

vou pregar os pés no gelo
enquanto fito um rancho de pescadores
arrastarem-me a memória
em amplas redes de malha grossa.

o estouro das ondas vai fazer-me berço
vou, na simplicidade da maresia,
sorrir na mesma amplitude das vagas
e esvaziar de dentro o prejuízo que reside.

exclamo aos pescadores

um cântico ao mar – vida,
a ode a mim libertador e a ti, ave livre da terra.
uma viagem ao centro da divisão dos corpos
na sublimação das nossas asas.


1 comentário:

Anónimo disse...

Brilhante senhor, brilhante. Espero o dia em que te irei ler nas livrarias junto dos outros que nasceram como tu. E poder ter na minha cabeceira cada palavra tua.

Força.

A. d'Ayres